Dicas e roteiros de viagem pela América Latina

Por Murilo Pagani

Empatia: Compartilhe essa ideia!

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©Pixabay

Você se lembra do que aconteceu em São Paulo no dia 13 de junho de 2016?

Provavelmente essa data não signifique nada para você,  mas nesse dia tivemos na capital paulista a temperatura mais baixa registrada no mês de junho dos últimos 22 anos

As campanhas para doação de agasalho e cobertores tomaram conta da televisão e da internet. Muitas pessoas participaram não apenas com compartilhamentos no Facebook, mas doando – de fato – roupas e cobertas para quem precisasse.

Aliás, a mobilização foi tão grande que as pessoas em situação de rua não davam conta de carregar o tanto de cobertores que receberam, e assim, eram obrigados a descartar alguns deles.

Gestos como esses provam que ainda há muita gente boa nesse mundo disposta a ajudar o próximo. Porém, durante alguns dias fiquei pensando como certas campanhas despertam uma participação tão grande da população, e outras, de igual importância, quase nunca são lembradas pelas mesmas pessoas.

Poucos dias antes dessa onda de frente fria, tinha visto na TV uma propaganda sobre doação de sangue. É justamente no inverno  que os hospitais e ambulatórios mais precisam de pessoas para fazer esse ato de generosidade. Inclusive, os estoques de sangue ficam no limite, quando não, vazios.

Não posso afirmar com 100% de certeza, mas se tivesse que dar um palpite, diria que a campanha para doação de sangue não teve nem metade do impacto que a outra.

Campanha do Agasalho x Doação de Sangue

Refleti bastante sobre o assunto e cheguei a algumas conclusões que quero compartilhar com você.

Veja bem, não sou nenhum especialista no assunto. E quero deixar claro que o que vou relatar a seguir é MEU ponto de vista. Você tem todo o direito de pensar de um modo diferente. Mas se possível, gostaria que também refletisse sobre isso e me deixasse a sua opinião nos comentários abaixo (independente de qual seja).

Voltando ao assunto dos cobertores,  foi um fato bastante óbvio que me levou a traçar certa linha de pensamento: todos nós sentimos frio. Em maior ou menor escala. Mas o fato é que ninguém fica confortável sem se agasalhar a uma temperatura de 5 C.

Mesmo que você seja do tipo de pessoa que ame o inverno, muito provavelmente você não gosta de passar frio. E, na minha opinião, é exatamente isso que levou tantas pessoas a doarem cobertores a quem precisava. A maioria já sentiu frio alguma vez na vida e sabe como isso é ruim.

Por outro lado, nem tantas pessoas assim já precisaram passar por uma transfusão sanguínea de emergência. Ou então, até precisaram, mas talvez ela tenha tido a felicidade de ter um banco de sangue bem cheio a sua disposição. E ela nunca sequer imaginou que isso pudesse se tornar um problema na sua vida.

Por essas circunstâncias, acredito que as pessoas que doaram agasalhos foram sensibilizadas por já terem passado por uma situação semelhante, e inevitavelmente conseguiram se colocar no lugar das outras pessoas que estavam passando frio.

Resumindo: as pessoas doaram cobertores e agasalhos porque houve empatia.

Empatia: A chave capaz de transformar o mundo

Empatia: capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.”

O caso da campanha do agasalho foi apenas um exemplo recente de como a empatia funciona e do que ela é capaz, mas o que não falta por aí são outros exemplos.

Desastres naturais e atentados terroristas são outros dois acontecimentos que deixam as pessoas bastante empáticas.

Pois bem, todas essas situações que mencionei até o momento são para te mostrar que sim, nós temos a capacidade de nos colocar no lugar dos outros

No entanto, contrastando com essas situações empáticas, vemos diariamente inúmeros casos de racismo, homofobia, machismo, intolerância religiosa e muitos outros tipos de preconceito.

A empatia gerada com grande facilidade nos primeiros exemplos, ainda se mostra bastante relutante nesses últimos casos que acabei de mencionar. E a grande questão que me incomoda, é: por quê?

Será que essas discriminações ainda existiriam se começássemos a nos colocar na situação do próximo? Se tentássemos ao menos tentar entender o ponto de vista das outras pessoas antes de julgá-la? Se buscássemos informações relevantes ao invés de generalizar e criticar qualquer grupo que aparentemente seja diferente de nós?

Eu acredito que não.

As causas para empatia

Há duas diferenças nos exemplos sobre empatia que apresentei.

No primeiro, o da campanha dos agasalhos, acredito que a empatia aconteceu pelo fato de que muitas pessoas realmente já sentiram frio pelo menos uma vez na vida – nem que seja voltando à noite de uma balada.

Por já ter vivido uma experiência semelhante à das outras pessoas, a empatia foi gerada quase que automaticamente.

No caso de tragédias como desastres naturais e atentados terroristas, muitas pessoas que nunca passaram por situações parecidas também são capazes de serem empáticas. Provando assim, que possuem a habilidade de se colocar no lugar dos outros mesmo sem nunca ter vivenciado tal experiência.

Acredito que essa empatia tenha sido gerada pela comoção  e pelo fato de tais acontecimentos poderem acontecer praticamente em qualquer lugar do mundo.

Independente disso, em casos como esses não é difícil com que as pessoas sejam empáticas. A grande dificuldade, ao meu ver, é criar empatia por algo que elas nunca de fato vão conseguir vivenciar e sentir através da sua própria experiência.

Exemplos?  Uma pessoa branca jamais conseguirá sentir a dor de quem já foi alvo de racismo. Um homem, jamais sentirá o medo que uma mulher sente de ser estuprada.

Esses são apenas dois casos, poderia listar muitos outros mas acho que você já conseguiu entender o meu raciocínio.

Nem preciso falar que independente de conseguir ou não criar empatia, o mínimo que devemos é respeito ao próximo. NENHUMA diferença no seu modo de pensar, viver ou seja lá o que for, justifica atos de desrespeito e discriminação.

Mas acredito que com a empatia conseguimos ir além e potencializar os nossos relacionamentos. Transformando o mundo em um lugar muito mais tolerante, com menos ódio e mais agradável para se viver.

A empatia e as viagens

Quando viajamos muitas vezes saímos da nossa zona de conforto, vivemos novas experiências, visitamos lugares com hábitos e culturas completamente diferentes dos nossos. Normalmente também  estamos de mente aberta para aprender e absorver o máximo de informação naquele lugar.

Frequentemente descobrimos que determinado estereótipo sobre uma cultura não é verdadeiro. Alguns outros se comprovam, mas aí quase sempre tentamos entender  os motivos antes de sair falando qualquer besteira.

Todas essas situações que vivenciamos quando estamos viajando são muito importantes para a criação de empatia

Claro que viajar não te tornará automaticamente uma pessoa mais empática. Também não quero dizer que pessoas que viajam são mais empáticas do que pessoas que não viajam. Longe disso.

O que quero dizer é que viajar te proporciona um terreno bastante fértil para que você comece a praticar a empatia caso queira.

Você já parou pra pensar que a única diferença entre um recém nascido brasileiro e um recém nascido iraquiano é a questão geográfica?

Todas as demais diferenças que existem, como idioma, tendência a determinada religião, hábitos e gostos, são adquiridos depois que nascemos e são resultados do ambiente em que vivemos.

Imagine que logo no seu primeiro mês de vida você tenha se mudado para a Índia. Lá você viveu em alguma grande cidade durante toda a sua infância e adolescência. Se isso tivesse acontecido, você provavelmente não acharia nada estranho o fato de vacas dividirem as ruas com carros e pedestres, e talvez o cricket fosse o seu esporte favorito.

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Crianças no Equador

Leia também: Viajar e suas consequências, algumas verdade que você deve saber

Por um mundo com mais empatia

Todos os dias vemos na internet e no “mundo real” mensagens de ódio que podem nos fazer perder a fé na humanidade. Mas acredito que com pequenas mudanças de hábitos e com a prática do desenvolvimento da empatia, é possível realizar grandes mudanças no mundo.

Já mencionei no texto que respeito não é uma questão de escolha, ele deve estar presente em todas as nossas atitudes.

Agora, se além de respeitar conseguirmos ser empáticos, pode ter certeza de que as mudanças nas nossas vidas serão ainda maiores.

Além de todos os casos que já citei de onde há e onde falta empatia, diariamente todos nós somos bombardeados com outras situações onde poderíamos tentar agir de forma mais empática.

Alguns exemplos?

» Quando algum idoso entrar no ônibus lotado e ninguém ceder um assento, tente se imaginar no lugar dele daqui alguns anos.

» Se alguém demorar para te atender em um restaurante/bar, tente se colocar no lugar do único garçom que está tentando dar conta de atender todas as mesas.

» Quando algum atleta olímpico não tiver um bom desempenho, antes de criticá-lo, lembre-se de que se você está decepcionado com um resultado ruim, imagine ele que treinou milhares de horas para que isso não acontecesse.

Enfim… Esses são apenas alguns.

Tente fazer da empatia um hábito na sua vida através de pequenas oportunidades. Apesar do conceito ser simples, executá-la não é tão fácil quanto parece. Mas tenho certeza de que vale a pena ao menos tentar.

No mais, vale a máxima de tratar as outras pessoas como gostaria de ser tratado e não fazer com ninguém aquilo que você não gostaria que fosse feito com você, com seus pais, seus filhos, irmãos e pessoas que você ama.

Murilo Pagani
Introvertido de carteirinha com picos de sociabilidade quando necessário ou depois de alguns goles de cerveja. Queria saber escrever bonito, mas cultivo um enorme apego à desculpa de que sou originalmente de exatas para justificar a minha falta de dedicação em combinar as palavras uma depois da outra. Espero que entenda!
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Comentários:

lindo texto Murilo, eu estou tentando fazer esse tipo de ação com mais frequência, aqui onde eu moro é bem frio e eles colocam vários pontos de coleta de roupas e alimentos, sempre que posso tento ajudar, sei que na América Latina é bem mais necessário, mas vemos mudanças significativas na mentalidade de algumas pessoas! ótimo post! Compartilhando.. ????

Murilo Pagani disse:

Que bom que gostou Flávia!!!

🙂 🙂 🙂

Aos pouquinhos vamos melhorando o mundo!!!

🙂

Abraço

Ótimo post Murilo! Se imaginar no lugar do outro, às vezes é muito difícil. Mas se cada um fizer a sua parte, certamente ainda poderemos viver em um mundo melhor! Parabéns!

Murilo Pagani disse:

Valeuuu Alessandra!

🙂

Abraço

Lindo post cara! Só leio verdades! hahahah
A empatia anda meio difícil de encontrar, mas temos que tentar todo dia, pois gentileza gera gentileza!
Abração!

Murilo Pagani disse:

Concordo com você Juliana!

E como disse, todos os dias temos zilhões de oportunidades. É só ficar atento! hehehe

Valeuuu!

Abraço

THYMONTHY BECKER CORTEZ disse:

Realmente muito propício sue post. Totalmente verdadeiro. Embora eu acredite que seja uma utopia, atualmente, mas se ninguém der o primeiro passo o caminho nunca será percorrido. parabéns, Abraços

Murilo Pagani disse:

Exatamente!!!
Se cada um fizer um pouquinho no final vira um poucão… hehehe

Valeuuu
😉

Sarah Gomes disse:

Nossa lindo post, acho que as pessoas têm muita dificuldade para praticar empatia sim, como eu sempre falo, caráter e respeito são duas palavras que ou a gente nasce com ela ou não têm, mas a empatia até dá pra praticar né, se quiser, mas têm que querer muito, o mundo está tão carente de querer né, parabéns pelo maravilhoso post!

Murilo Pagani disse:

Obrigado Sarah!

Além de ser possível praticar depois de um tempinho se torna um hábito e fica ainda mais fácil!
🙂

Abraço,

Ai que lindo!!!!! chorei! Falou tudo e mais um pouco!!! Praticamos muito isso aqui em casa e você acabou de nos dar o nome… Empatia! adorei!

Murilo Pagani disse:

🙂 🙂 🙂