Longe de mim querer acabar com a magia e a tradição do tango em Buenos Aires. Porém, a capital da argentina tem um cenário artístico tão forte, que a dança mais emblemática do país é apenas um dos espetáculos que você pode conferir durante a sua viagem.
Na minha segunda passagem por terras portenhas tive a oportunidade de assistir três apresentações surpreendentes. Daquelas que são capazes de nos provar porque Buenos Aires é um destino inesgotável.
Espalhados por centros culturais ou em prédios de aspecto decadente, descobri espetáculos que dificilmente os viajantes conhecem em uma primeira viagem pela cidade. Mas acredite, junto com um bom show de tango eles podem tornar as suas noites ainda mais inesquecíveis.
Prepare o rebolado, relembre o encantamento circense e descubra que nosso cotidiano é cheio de histórias hilariantes. Neste post vou te apresentar três universos diferentes de Buenos Aires, mas que juntos explicam porque esta é, possivelmente, a capital mais artística da América Latina.
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1- La Bomba de Tiempo
Não é de hoje que La Bomba de Tiempo agita as noites de segunda-feira em Buenos Aires.
Na verdade, já faz mais de dez anos que o grupo contagia milhares de pessoas com sua percussão animada – daquelas que não deixa ninguém ficar parado. Afinal, durante as duas horas de espetáculo uma multidão se balança do jeito que sabe.
Além disso, o ambiente em que a apresentação acontece já chama a atenção logo de cara. A Ciudad Cultural Konex, um centro cultural próximo à estação de metrô Carlos Gardel, é a definição perfeita de alternativo. E de quebra a iluminação bem trabalhada contribui para deixar o espaço ainda mais envolvente.
Como não poderia ser diferente, o show acolhe diversos tipos de espectadores. De turistas a portenhos, de grupos de amigos a casais. E claro, viajantes independentes que não fazem questão de companhia para curtir uma boa música e balançar o esqueleto.
Informações
» Onde: Ciudad Cultural Konex, a cinco minutos da estação de metrô Carlos Gardel (Linha Vermelha).
» Quando: Todas as segundas-feiras, das 19hs às 22hs (na realidade o portão abre às 19hs, mas o show começa apenas às 20hs).
» Quanto custa: Consultar antecipadamente por este site.
La Bomba de Tiempo
2- Fuerza Bruta
É difícil dizer o que mais impressiona no Fuerza Bruta.
O show combina música, dança, acrobacias e efeitos especiais, em um cenário que muda a todo o momento e que depende da participação do público. Sim, este é um espetáculo interativo.
E o melhor: daqueles que prendem nossa atenção do início ao fim. Sempre dosando uma medida certa de suspense, nos deixando na expectativa do que vem a seguir.
Minha única chateação neste espetáculo foi o fato dos seus sessenta minutos terem passado muito depressa. Não há um único espectador que não vá embora com a sensação de que poderia passar facilmente, ao menos mais uma hora naquele mundo irreal criado pelo Fuerza Bruta.
Além de toda a surpresa causada pelo roteiro do show e pelos efeitos especiais, outro destaque é a competência e entrosamento dos artistas. Impossível imaginar quanto tempo de ensaio foi necessário para que realizassem a apresentação com tamanha perfeição.
ATENÇÃO
O espetáculo Fuerza Bruta não está se apresentando em Buenos Aires desde 2019. Portanto, consulte neste site as informações atualizadas!
Informações
»»» Onde: Centro Cultural Recoleta, praticamente ao lado do Cemitério da Recoleta.
»»» Quando: O espetáculo costuma estar em cartaz em Buenos Aires de março a setembro, com apresentações de quarta a domingo. Nos outros meses do ano saem para turnê em outras cidades do mundo.
»»» Quanto custa: Em Buenos Aires, o valor do ingresso começa em AR$ 350,00, mas varia de acordo com o dia da semana.
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3- Teatros Independentes
Quando um colega me convidou para ir a uma apresentação do grupo de teatro independente do qual ele faz parte, aceitei na mesma hora. Porém, confesso que quase mudei de ideia quando ele me disse que o espetáculo começaria às nove da noite e terminaria às duas da madrugada.
Não estava conseguindo entender que espécie de apresentação seria aquela. Mas, mesmo sem saber se aguentaria ficar por todo aquele tempo, em um sábado à noite fui ao tal Teatro Perro.
Ainda na fila para entrar percebi que aquela experiência não seria como eu imaginava. O teatro em si era um prédio bastante antigo, estava mais pra construção abandonada do que um local que receberia uma apresentação em poucos minutos.
Além disso, a casualidade das pessoas que estavam na fila já me alertava que eu teria outras surpresas quando entrasse no tal prédio. Dito e feito.
Sai palco e entra um tablado a dez centímetros do chão. Poltronas confortáveis dão espaço a mesas e cadeiras típicas de um boteco brasileiro. No lugar de bilheteria há um bar que vende cerveja gelada e Fernet com Coca-Cola.
E para provar que aquele é um espetáculo de gente apaixonada por atuar e que quer levar o teatro – no seu estado mais autêntico e irreverente – para o maior número de pessoas possível, a entrada é a la gorra. Ou seja, no final da apresentação eles passam um chapéu para que cada um faça uma contribuição ($$$) voluntária.
Mesmo com o espanhol destreinado, sem conhecer profundamente o dia-a-dia portenho e suas mazelas políticas, econômicas e sociais, essas cinco horas foram as que me arrancaram mais gargalhadas durante minhas duas semanas em Buenos Aires.
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